domingo, 19 de outubro de 2025

A CULPA É DE DEUS

Acordei pensando em Deus e na criação do mundo terreno. Vamos e convenhamos: Ele devia estar num momento de profunda inspiração quando decidiu criar o nosso Brasil. Afinal, por aqui, colocou tudo de bom que lhe vinha à cabeça.

Satisfeito com a sua obra-prima, logo voltou a atenção para o restante do mundo e esqueceu-se de criar quem dela cuidasse. Foi aí que a coisa desandou. Vieram então os primeiros habitantes, oriundos de outras paragens, os paleoíndios, há cerca de 10.000 anos.

👇👇👇👇👇Monumento Nacional ao Imigrante, em Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul.



Viviam em cavernas, caçavam, coletavam, produziam cerâmica, pontas de flechas e pinturas rupestres que são desenhos e gravuras em rochas. Platão, talvez, tenha se inspirado neles quando escreveu “O Mito da Caverna”.

Aos poucos, espalharam-se por este imenso território, pois também neste ponto Deus foi abusivamente generoso.

Depois de gastar seu potencial criativo nas nossas terrinhas, ele repetiu a fórmula nas demais, mas dosando comedidamente as belezas, riquezas e tamanhos. Afinal, sabia que aqui havia exagerado em tudo.

Talvez até hoje se arrependa de não ter criado o guardião do Brasil, deixando o acaso trazer uma multidão de imigrantes vindos de todos os cantos do mundo. Resultado: uma salada de frutas genética e cultural tão grande que nem ele teria imaginado.

Mas pensando bem, mesmo com a “falha” na sua obra brasileira, Deus acertou.

Está para nascer uma miscelânea mais linda e sedutora que a nossa.

Porém, convenhamos: no que toca a posturas, emoções e lógica de raciocínio, somos um plantel de contradições tropicais.

Entre tantos animais dos quais poderia ter tirado inspiração, o povo escolheu por quase unanimidade o caranguejo, que se recusa a andar em linha reta, atrasando e sabotando o próprio caminho. E, quando ameaçado, esconde-se num buraco qualquer, ferindo quem tenta resgatá-lo.

Ah, se ao menos tivéssemos aprendido com as borboletas e os pássaros, que inspiram poetas e voam livres!

Mas não. Preferimos o instinto das onças, das piranhas e das cascavéis, cada um cuidando apenas da própria sobrevivência.

Será exagero meu? 

Basta olhar o sucesso estrondoso dos vilões das novelas e dos políticos sem escrúpulos, elevados a heróis nacionais e como ratos e sanguessugas, festejam nos porões da imoralidade.

No fim das contas, talvez Deus não tenha culpa nenhuma.

A culpa é nossa enquanto povo, por não sabermos cuidar do paraíso que ele nos deu.

Regina Carvalho- 18.10.2025 Tubarão SC


sexta-feira, 17 de outubro de 2025


 

TENAZ RESISTÊNCIA

Como já aconteceu em outras ocasiões, acabo de perder um texto que intitulei Resistência à flor da pele. Portanto, chorar não seria a solução mais viável, resta-me apenas reescrevê-lo.

Olhei-me no espelho e observei novas rugas na região do queixo. Com as mãos, estiquei-as para os lados, imaginando-me sem elas. Mas fazer o quê?

Sorri ao pensar que, dos males, este é a menor que a velhice brasileira precisa enfrentar em seu cotidiano. E mais ainda se compararmos com as agruras dos jovens que, em sua maioria, já nascem desprovidos de tudo o que poderia oferecer-lhes oportunidades mais dignas de vida.

Então, reclamar das rugas... por quê?


quinta-feira, 16 de outubro de 2025


 

 


Mente Viajante – Louca Feliz

Sempre preferi o aconchego da minha casa ao barulho do mundo. Desde cedo percebi que, assim como os meus pais e irmão, encontro na rotina o conforto que muitos procuram fora.

Talvez eu seja a mais radical: gosto do silêncio, da introspeção e das viagens que a minha mente faz sem sair do lugar. Quando volto, só quero registrar as aventuras e descansar.

Muitos não compreendem como posso ser feliz entre quatro paredes, mas vivi intensamente, trabalhei, viajei, participei de projetos e me envolvi com o mundo. Apenas nunca abri mão da minha liberdade de escolher o meu tempo e o meu espaço.

Não sigo o que os outros fazem por convenção. Quando tentei, senti-me deslocada. Entre o bem-estar e a aparência social, sempre escolhi o que me salva: ser fiel ao meu modo de ser.

Se isso me torna “chata” ou “sem graça”, paciência. Prefiro ser livre a ser aceita.

E, como na “Balada do Louco”, gosto de pensar que minha loucura é apenas outra forma de felicidade.

Regina Carvalho – 16.10.2025, Tubarão SC




 

A CULPA É DE DEUS

Acordei pensando em Deus e na criação do mundo terreno. Vamos e convenhamos: Ele devia estar num momento de profunda inspiração quando decid...